domingo, 24 de abril de 2016

Mogli - O Menino Lobo

Inovar ou permanecer no modelo do antigo longa de sucesso da Disney - eis a maior preocupação e que se tornou o problema chave da refilmagem em live-action da clássica animação da empresa. A trama trouxe a história já conhecida por um público mais velho, porém vista sob um aspecto mais realista. Contudo, mesmo neste novo ponto de vista, ficou extremamente visível o prevalecimento de detalhes antigos, os quais muitos ficaram fora de contexto. Foi o caso das duas canções que reviveram: "The Bare Necessities" (a icônica "Necessário, Somente Necessário"), entoadas por Mogli e Baloo, e "I Wanna Be Like You", cantada pelo Rei Louie.

O filme reconta a história de um bebê, que foi largado na floreta e criado por uma alcateia de lobos, os quais o deram o nome de Mogli. Agora já menino, ele deve voltar para a aldeia de seres humanos por causa do feroz tigre Shere Khan (Idris Elba), o qual objetiva matar o garoto. No meio do caminho, Mogli se perde da vista de seu guarda-costas, a pantera Bagheera (Ben Kingsley), e então conhece outros animais que possuem intenções sobre o garoto, como a cobra Kaa (Scarlett Johansson), a qual quer comê-lo, o rei dos macacos, o Rei Louie (Christopher Walken), que deseja saber fazer fogo, e por fim o preguiçoso urso Baloo (Bill Murray) a fim de arranjar comida para si. E assim Mogli e Baloo formam uma belíssima amizade, fazendo com que o garoto não queira mais sair da floresta para ir morar com os homens.

Ainda hoje, na maioria das vezes, filmes com excesso de CGI ficam malfeitos, com aquela impressão de artificialidade - o que não é o caso deste longa, principal detalhe pelo qual chama atenção até para quem assistiu somente os trailers. O cenário inteiro, assim como todos os animais, são feitos em computação gráfica de ponta. A qualidade do design dos bichos é maravilhoso, até os pelos ficaram bem definidos. O único ator do filme todo é Neel Sethi, que interpreta Mogli.

Contudo, infelizmente, a tentativa de trazer uma animação para o live-action foi um fracasso. O diretor Jon Favreau, já conhecido pelo seu trabalho nos dois primeiros filmes do Homem de Ferro, optou por utilizar uma tonalidade mais séria e sombria, diferente do desenho de 1967, que trazia mais infantilidade, diversão, mais músicas, e até mesmo os animais "do mau" eram engraçados. Neste a Kaa e o Rei Louie são medonhos, e Shere Khan é um "monstro" e não um tigre. O único que deu uma aliviada na história foi Baloo, o qual garantiu algumas escassas risadas.
Mogli e Baloo
A fotografia e a direção de arte também favoreceram para esse tom sinistro. Os ângulos e os enquadramento são próprios de filmes de ação e suspense. O cenário não utiliza cores diversificadas e contrastantes. Na maioria das vezes só se via o verde das vegetações arbórea e arbustiva, além da floresta ser densa e enevoada.

O roteiro foi então o mais fiel a animação, já que trouxe a mesma história, com poucas mudanças. Ficou algo simples e maniqueísta (ora o animal é bom, ora é mau). No entanto, isso, apesar de parecer, não é ruim e sim algo mais apropriado para crianças.

Devido a esses detalhes, Mogli - O Menino Lobo acabou recebendo uma classificação indicativa de acima de 10 anos. Portanto, espera-se que, nas próximas adaptações da Disney, façam algo que não tire o encanto dos mais velhos, os quais tiveram a oportunidade de rever seus desenhos favoritos mais uma vez e acabaram saindo da sala de cinema decepcionados. O que faz a Disney ser uma das empresas mais queridas são suas maravilhosas e consagradas animações, e repetir o que fizeram com Mogli pode ser fatal para a companhia.

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