Depois de três anos, Steven Spielberg finalmente retorna com um novo longa, além de apresentar novos projetos para os anos seguintes. Mais uma vez o aclamado cineasta compõe uma obra sobre guerra, entretanto dessa vez ela é um pouco mais "fria".
Decidido em defender o espião soviético Rudolf Abel (Mark Rylance), o advogado James Donovan (Tom Hanks) deve enfrentar a imprensa e a justiça americana, que desobedece suas próprias leis a fim de condenar este espião à morte. Ao mesmo tempo, o aviador Francis Gary Powers (Austin Stowell), na missão sigilosa de buscar informações em território soviético, acaba tendo que abortar sua missão e explodir seu avião, porém ele sobrevive e é capturado, preso e interrogado pelos russos. Então, James Donovan é designado para conversar com os comunistas a fim de trocar o aviador pelo espião soviético na Alemanha Oriental. A complicação surge quando Donovan também quer resgatar um estudante de economia americano, que está preso na Berlim Oriental.
Diferente de suas outras produções, Spielberg faz um filme menos parcial, dessa vez apresentando o ódio entre os dois grandes polos que dividiu o mundo logo após a 2ª Guerra (Capitalismo X Socialismo). O filme é desenvolvido de uma forma mais didática, tornando fácil o entendimento do contexto da Guerra Fria. Contudo, há seus problemas: o filme é muito anticlimático, não entrega cenas de ação, e o clímax fica apenas no suspense; e quanto à emoção, somente a união entre um diretor e um ator muito bons (Spielberg e Hanks) consegue produzir sem a necessidade de explosões, tiroteios e outras velhas artimanhas dos efeitos visuais. Outro problema do filme foi o desfecho muito longo sem necessidade - característico do Spielberg.
Deixando a direção de lado, o roteiro de Matt Charman e dos irmãos Joel e Ethan Coen ficou muito bom. O trabalho deles se manteve fiel aos fatos históricos sem uma única saída para a ficção. Todavia o roteiro ficou muito cheio de diálogos, principal motivo pelo qual desagradou uma parte do público, além de que muitos jornais e revistas acabaram sendo nada delicados ao falar mal do filme. Não que isso seja um ponto negativo. O verdadeiro problema foi o público-alvo, que quanto maior, mais difícil de agradá-lo totalmente.
Já a fotografia, ficou estupenda. O delicado cenário apresentado pelo diretor de fotografia Janusz Kaminski mostrou-se brilhante. Em cenários fechados ele optava pela saída de luz de um único ponto que incidia horizontalmente nos atores, deixando o lugar mais tenebroso e tenso. Já em locais abertos, o ambiente ficava bem depressivo, normalmente chovendo ou nevando, especialmente quando o protagonista estava na Berlim Oriental.
Muitos devem ter sentido falta do John Williams, contudo a trilha sonora de Thomas Newman certamente coube melhor a esse filme. Seu cuidadoso trabalho ficou imperceptível na maior parte do filme, porém deixando todos presos na trama.
Em suma, Ponte dos Espiões é um filme muito bom e é uma ótima opção para compreender o contexto de Guerra Fria.
Obs.: O filme concorreu ao Oscar, vencendo na categoria de Melhor Ator Coadjuvante para Mark Rylance e também sendo indicado a Melhor Filme, Roteiro Original, Trilha Sonora, Mixagem de Som e Design de Produção.
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